APRENDENDO
COM A NATUREZA
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O
ovo, por exemplo, é descrito por Vasconcelos da seguinte maneira: "uma
estrutura totalmente fechada, porém contendo o necessário para manutenção
da vida (...) resistente o suficiente para suportar o peso dos materiais
armazenados no seu interior, envoltos por uma embalagem de membrana elástica.
Impermeável à água, mas capaz de permitir a difusão de gases por meio
de poros, possibilitando a entrada de oxigênio. também não pode ser excessivamente
resistente, para possibilitar sua quebra pelo lado interno quando chegar
a hora do filhote nascer." |
Os
ninhos são uma das estruturas mais interessantes do reino animal. |
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O
joão-de-barro é um engenheiro que faz verdadeiros edifícios
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Os
beija-flores são construtores exímios de ninhos. Eles são capazes de pairar
no ar numa posição fixa enquanto suas asas realizam movimentos incrivelmente
rápidos; esta capacidade é usada tanto para se alimentar como para fazer
o ninho. O ninho é feito sob medida para a fêmea, não deixando espaço
vazio, permitindo a perfeita incubação dos ovos. Além disso, revestidos
de liquens e outros materiais, tem isolamento térmico e conserva a temperatura
mais elevada nas noites frias. A fêmea do beija-flor, bem menos vistosa
que o macho, é a única responsável pela construção do ninho e pela incubação
do ovo. |
O
tecelão é capaz de executar um grande número de nós
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O
pássaro tecelão é considerado, por alguns especialistas, o único animal
de sangue quente, além do homem, capaz de tecer. A quantidade de nós que
este pássaro executa impressiona. Cada fibra é cuidadosamente arrumada
com habilidade adquirida geneticamente, mas, como ninhos de pássaros adultos
costumam ser mais bem-feitos do que os de indivíduos jovens, o engenheiro
Vasconcelos conclui que existe neste caso alguma aprendizagem. É o macho
quem faz o ninho, e ele precisa caprichar para ganhar a aprovação da fêmea
desejada. |
A matemática da construção dos alvéolos das abelhas desperta a curiosidade
humana desde a Antiguidade. As colmeias são construídas de cima para baixo,
com os alvéolos inclinados, diminuindo a tendência do vazamento do mel.
A construção começa com uma série de pirâmides de três fazes que formam
o fundo convexo dos alvéolos. A solução escolhida pelas abelhas, o hexÁgono
(um polígono de seis lados), é uma conseqüência física do processo
de construção. Este hexágono, segundo Vasconcelos, são "de uma perfeição
inigulável e um exemplo notável de resolução de um problema de máximo
e mínimo", que permite o aproveitamento da mesmas paredes para duas
células contíguas. O hexágono também está presente nos cristais de neve e é ainda a forma predominante na Calçada Gigantesca, uma curiosa formação rochosa de basalto no norte da Irlanda. A Calçada Gigantes é uma das cinco maravilhas do mundo atual, escolhido em 1986 numa convenção da Unesco. As outras são: o Grande Cânion no Colorado, A grande Barreira de Coral na Austrália, as rochas de Stonehenge na Inglaterra e a Muralha da China. É bom observar que apenas as duas últimas maravilhas foram construídas pelo homem. |
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A
Victoria amazonica ou vitória-régia é uma planta aquática amazônica da
família dos nenúfares com enormes folhas flutuantes em forma de tabuleiro
de pizza, tão resistentes que podem suportar um criança de oito anos sem
afundar. As raízes podem chegar a dois metros de diâmetro as pequenas
área entre as nervuras das folhas são fechadas por lâminas verdes onde
se concentra a clorofila. Tais lâminas têm alguns décimos de milímetros
de espessura, mas suportam o peso colocado sobre a folha e a subpressão
da água. Nos temporais, a água não enche a folha até as bordas, pois há
um rasgo na parede da borda por onde escoa o líquido e o equilíbrio se
restabelece. Um dos projetos do paisagista e arquiteto britânico Joseph Paxton foi transformar a forma das nervuras da folha vitória-régia numa estufa de plantas. Depois de construir a estufa e patenteá-la, ele apresentou em 1851 um proposta para construir o Palácio de Cristal para uma importante exposição em Londres, também inspirados nestas nervuras. O palácio foi visitado por 90 mil pessoas. A água evaporava virando uma espécie de ar-condicionado e o lixo produzido pela multidão tinha destino adequado. A construção foi feita em 17 semanas, em esquema pré-fabricado, e as paredes não tinham função suporte, inaugurando uma nova concepção de construir. |
Referência Bibliográfica:Revista Ecologia. Jan-Fev / 2002 n99 |